29.6.07

Do democratainment ao dictatortainment

Sendo certo que até o telelixo já faz parte da ordem democrática, a sua extinção pura e simples pode fazer temer pela transformação do mau democratainment em bom dictatortainment... Manifestação massiva em Caracas exige retorno da RCTV (Estadão, 27.6.07)

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Anacom quer verdadeiro 'spin-off'

DE entrevista José Amado da Silva (2007-06-28) "Gestão separada não garante PT Multimédia independente"

(...)

P: O que é que precisam de saber que ainda não sabem?

R: Estamos em conversas preliminares e chegámos à conclusão que este problema atinge os três [Anacom, CMVM e AdC]. Agora repare que os pontos de vista são diferentes por natureza. E se conseguirmos assinar um critério comum é importante.

P: Então só depois de ver como fica é que vai olhar para os mercados e corresponder, ou não, às expectativas da PT?

R: Mantenho o que disse. Só depois de ver como estão atribuídos os direitos de voto, etc. é que nos podemos pronunciar sendo verdade que neste momento estamos a fazer todos os esforços no sentido de ter alguns critérios razoavelmente aceitáveis e discutidos. O que não aceitamos é que duas gestões diferentes sejam suficientes. Que fique claro, não aceito mesmo. A partir daqui tudo está em aberto. Quando há accionistas comuns com maiorias relevantes ou qualificadas nas duas empresas dê-me o direito de pensar e estudar se há um verdadeiro ‘spin-off’. Não estou a afirmar estou a estudar.

P: A PT vai poder participar no concurso de TDT?

R: Apesar de tudo, a TDT é menos comprometedora. É possível chegar a uma solução de mercado onde o risco de cruzamento de mercados reais e financeiros não seja exagerado. Enquanto no ‘spin- off’ não sei mais do que lhe estou a dizer, na TDT sei mais mas não digo por uma questão de cortesia com o Governo.

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Jornalistas contra o Estatuto

Público online (28.6.07): «Um grupo de 18 jornalistas, no qual se incluem alguns directores e ex-directores de jornais, quer criar uma entidade que garanta a autoregulação e o acesso à profissão de jornalista. Num documento que hoje tornaram público, e que intitularam "Alerta ao País", os jornalistas "manifestam o seu repúdio por todo o edifício jurídico referente à sua actividade profissional, que consideram limitativo do direito constitucional de informar e ser informado".» Cf. Alerta ao país

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27.6.07

Digital switchover on low income consumers

The potential impact of digital switchover on disabled, older, isolated, and low income consumers. News release:

Research report:
'Digital Television Switchover and Disabled, Older, Isolated, and Low Income Consumers'

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Public service audio-visual content to UK citizens

In January Ofcom published a discussion paper assessing the potential of digital media to deliver public service audio-visual content to UK citizens. Ofcom today published a summary of responses to the paper and set out how it intends to address the issues raised by respondents. Ofcom will assess the issues raised by respondents as part of its next statutory review of Public Service Broadcasting which will begin in the Autumn. Meanwhile, it is undertaking a body of work in the near term to help inform its thinking during the Review.
http://www.ofcom.org.uk/consult/condocs/pspnewapproach/summary_responses/

Take our website feedback survey at http://www.ofcom.org.uk/aboutsite/website/survey

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Channel 4’s funding model unsustainable in the future

Ofcom published a statement in response to independent analysis showing that Channel 4’s funding model is likely to become unsustainable in the future. The statement can be found at :

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Globo Reporter - 40 anos da televisâo Brasileira 1/3

Globo Reporter - 40 anos da televisâo Brasileira 2/3

Globo Reporter - 40 anos da televisâo Brasileira 3/3

26.6.07

Vendo muita televisão

"Televisão pública em estado cataléptico"

"Televisão pública em estado cataléptico" (via Clube de Jornalistas, 25-06-2007): «Seguir o modelo da BBC? Não seria má ideia. Mas bastaría tentar fazer uma televisão séria, alheada da ditadura das audiências, das sobredoses de publicidade, que aposte no entretenimento de qualidade e na informação rigorosa. Um produto, em resumo, de que os espanhóis possam sertir-se orgulhosos» — escreve Javier Pérez de Abéniz em "El mundo", sobre a TVE.» Ver "Rígor Mortis".

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25.6.07

Público de série cresce e envelhece

Público de série de TV cresce e envelhece (Daniel Castro, na Folha, 25.4.07): «Estudo realizado pela Globosat (programadora de canais pagos da Globo) revela que é mito a idéia de que seriado é produto para jovens e adolescentes. O levantamento mostra que o público de séries não só vem crescendo ano a ano, como está se tornando mais "velho".»

Emoções jornalísticas

"Maior protagonismo do jornalismo nas emoções" (JN, 25.6.07): «As notícias nas televisões portuguesas têm vindo a agravar o seu tom emocional, como provam os vários directos que foram feitos no caso "Maddie" "mesmo não existindo novidades, todos os dias havia directos da Praia da Luz, nem que fosse para relatar as idas às missas, às compras ou a criação de t-shirts por parte dos pais". Segundo a investigadora do departamento de Ciências da Comunicação da Universidade do Minho, Madalena Oliveira, a necessidade de directos "não dá ao jornalista o distanciamento necessário para analisar os factos", centrando-se, por isso, "a atenção não nos factos, mas nos faits-divers que vão prendendo o público".»

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Medienpluralismus

(Só na língua de Goethe) Viviane Reding, Member of the European Commission responsible for Information Society and Media, Meinungsfreiheit, Medienfreiheit und Medienpluralismus - Ziele und Perspektiven europaeischer Medienpolitik

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"O vídeo na Web vai matar a televisão?"

"O vídeo na Web vai matar a televisão?" (Pedro Fonseca, DN, 24.6.07): "O computador é cada vez mais uma alternativa ao televisor para ver vídeos e canais de televisão. Só em Portugal, o Diário de Notícias encontrou 43 canais de televisão na Internet, uns temáticos mas a grande maioria de zonas geográficas bem definidas. A aposta numa marcação destes terrenos demonstra quem está atento às grandes questões em que também os grandes grupos de media ou tecnológicos se estão a posicionar para chegarem à liderança."

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22.6.07

"Microfilmes"

Filmes em telemóveis (CM, 20.6.07): “Lisboa recebe a partir de Setembro o primeiro Festival de Microfilmes alguma vez realizado em Portugal. A iniciativa, organizada pela Produções Fictícias, pretende destacar um género de conteúdos cada vez mais popular: os pequenos filmes digitais realizados apenas com um telemóvel.”

30 SEGUNDOS EM LISBOA - concurso de microfilmes, 30 de Junho, Bairro Alto - Cais do Sodré. Inscrições e mais info em http://30segundos.publico.pt/

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Produção de fluxo lidera

TV: Produção nacional atrai mais de metade da audiência (DD, 22.6.07): "No primeiro quadrimestre do ano, em cada oito minutos passados a ver televisão, cinco foram relativos a programas nacionais, de acordo com a Marktest."

AR aprova Estatuto do Jornalista

Estatuto do jornalista aprovado sob protesto da Oposição (JN, 22.6.07): “A Assembleia da República aprovou, ontem, a proposta governamental de alteração ao Estatuto do Jornalista, com os votos favoráveis dos socialistas. O desacordo em relação aos direitos de autor, sigilo profissional e composição da Comissão da Carteira Profissional de Jornalistas (CCPJ) foram os principais motivos apontados pelos partidos da Oposição para terem votado em bloco contra o documento.”

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21.6.07

O Cabo em Portugal

Vai ser lançada no próximo dia 26 às 18 horas, na FNAC do NorteShopping, uma importante obra sobre o mercado do Cabo em Portugal. Editado pela Formalpress, na colecção Media XXI, trata-se essencialmente da tese de Mestrado Luísa Coelho Ribeiro, agora sob o título "A Televisão Paga: Dinâmicas de Mercado em Portugal e na Europa". Participarão na apresentação da obra, Elísio de Oliveira (ERC), Helder Valente (FEP), Jaime Quesado (POS_Conhecimento), Paulo Faustino (Formalpress), Pedro Luiz de Castro (Discovery Channel), Francisco Rui Cádima (UNL) e António Lobo Xavier (Sonaecom).

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20.6.07

Alexandria, outra vez

Lusa luta

Jornalistas da Lusa vão fazer greve de dois dias (DN, 20.6.07): «Os jornalistas da Agência Lusa decidiram ontem em plenário, e por unanimidade, avançar para uma greve de dois dias, como forma de protesto pela "intransigência" que dizem ter sido assumida pela administração na negociação da actualização salarial.»

ERC atenta à censura na SIC Notícias

TVI condenada

RTP internacional corrige (melhor tarde que nunca)

RTP vai reestruturar canais internacionais (JN, 19,6,07): «Ideia é "ter uma grelha de programação única, mas com desdobramentos" consoante o país que esteja a receber a emissão».

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18.6.07

Da ABC para o Pentágono

Pentágono contrata jornalista de televisão como porta-voz (AFP,18/06): “O Pentágono contratou um jornalista de televisão, correspondente do canal de televisão ABC News, como novo porta-voz da Casa Branca, anunciou nesta segunda-feira o ministro americano de Defesa. Geoff Morrell, que foi apresentado à imprensa pelo subsecretário de defesa, Dorrance Smith, será responsável pelas declarações televisionadas.”

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CE contra "golden share" na PT

CE decide rumo do caso da golden share do Estado no capital da PT na próxima semana (Tek, 18.6.07): "No próximo dia 27 de Junho a Comissão Europeia deverá decidir se leva ou não o Estado português a tribunal, a propósito da questão da golden share na Portugal Telecom. O assunto tem vindo a ser analisado nos últimos meses, com Bruxelas a defender que as empresas privadas funcionem sem participações privilegiadas dos seus Estados, de forma a garantir o livre funcionamento do mercado."

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Diz que é uma "espécie de doença"

"Cinco mil queixas contra a RTP"

17.6.07

Comunicar a UE: da mensagem à "massagem" (*)

Para a actual reflexão sobre a questão europeia, no quadro do alargamento e das suas implicações, importa relembrar o que dizia Francisco Lucas Pires no início dos anos 90 «(...) Se a integração europeia tem avançado no plano material e no plano moral, está ainda muito retraída e longe desse horizonte no plano do discurso político e do diálogo multinacional sobre si própria. Para a comunicação jornalística, amplamente centrada sobre as questões nacionais em geral, a Comunidade é ainda mais notícia que mensagem e as instituições e as decisões comunitárias só são objecto de informação quando e na medida em que incidem sobre a vida concreta de um Estado ou sociedade determinada» (...). «Com a imprensa europeia a falar a mesma linguagem, isto é, a ver a construção europeia a partir de dentro e não a partir de fora, como um todo e não como um mero conjunto de partes». «(...) Se a Europa sem fronteiras, mesmo sem política de comunicação, constituirá sempre o nosso caminho natural para a "aldeia global" e o apogeu da nossa "sociedade de comunicação", seria bom que dispusesse de meios e capacidades para começar por se representar a si própria (1).

Mudando necessária e radicalmente as estruturas de comunicação e as estratégias mediáticas na esfera pública, teríamos o campo dos media com uma função mais interveniente no espaço público e nas políticas de desenvolvimento integrado, de tal forma que a crise de legitimação a que se assiste por parte dos protagonistas do campo político - e nalguns casos do próprio sistema democrático - seria reenquadrada por novas práticas políticas, mediáticas e por um novo protagonismo público, que nos poderia conduzir mais rapidamente a uma alternativa à democracia representativa em crise, com a emergência de uma esfera social e política participada, onde o consenso fosse atingido não através de modalidades impositivas criadas pelos 'acontecimentos' mediáticos, mas sobretudo pela emergência de um novo decisionismo nascido no confronto de ideias, no diferendo, e no reencontro do jornalismo com a opinião e o saber de experiência feito.

Importa revitalizar o discurso dos media sobre a Europa por forma a aprofundar essa visão simbólica identitária - que se deseja ser a visibilidade do real europeu. Dar a ver, portanto, através de uma arte dos pequenos passos, o essencial do que estrutura e enforma a Europa, não esquecendo as suas singularidades.

Importa captar o que está realmente a acontecer, a verdadeira experiência social, cultural e política europeia. Importa retomar o campo participativo - encontrar alternativas ao modelo representativo e aclamativo em crise de legitimação, captar esse ‘mundo da vida’ que todos ambicionamos venha a ser o exemplo dado pela Europa aos novos mundos que virão para lá deste século.

O papel dos porta-vozes oficiais, dos gabinetes de comunicação, dos centros de documentação europeia, dos eurogabinetes, etc., deve ser de alguma forma repensado dentro dessa estratégia de repor a transparência e renovar a informação ao cidadão comum europeu, renovando também as estratégias de comunicação no plano dos media e ainda no plano da publicidade. Repensar, no fundo, a narrativização do modo de exercício do poder em virtude da crise de liderança política ameaçar a própria construção de uma nova arquitectura europeia.

Colocar os media perante padrões de exigência no controlo e na crítica das próprias políticas europeias quando se distanciam do respeito pelos mais elementares preceitos de cidadania (veja-se por exemplo o caso dos serviços públicos de TV na Europa, em geral, que mistificam o desempenho de uma verdadeira, inequívoca, função de interesse público).

Dinamizar os media europeus no sentido de se abrirem à informação emanada das comunidades, de eles próprios se tornarem transparentes face ao que é essencial, que releva no fundo do pragmatismo e da eficácia dos objectivos que o cidadão possa sentir directamente no seu dia-a-dia e não tanto da máquina política da União e das suas performances institucionais e burocráticas. Enquanto o institucional ocupar o espaço público mediático como uma espécie de fórum de legitimação permanente da União, tudo o resto fica secundarizado, e o cidadão vulgar, porventura, não se reconhecerá nesse debate.

É importante colocar a questão do ponto de vista da União Europeia e saber se de facto a UE tem a percepção das mudanças estruturais que se afiguram necessárias num contexto generalizado de défice de convicção, em tempo de crise, portanto.

O projecto europeu – e Ideia de Europa - não se afigura alcançável quando a abstenção nas eleições para o Parlamento Europeu aumentou de 37% para 51% entre 1979 e 1999. E quando, em 2004, já no quadro do 25, se obteve 44,6% de abstenção.

A PEIC (Política Europeia de Informação e Comunicação) foi criada em 2002, de certa forma, para inverter esta situação, “para eliminar a distância entre a União e o público (…) para criar uma Europa que esteja perto das pessoas, que lhes seja familiar e que tenha para elas um significado” (COM (2001) 354:3) e para resolver essencialmente o iminente bloqueio do processo de construção europeu. A própria UE tenta corrigir a situação através de uma orientação que defendia a divulgação da informação num sentido mais qualitativo e estratégico do que quantitativo (COM 281 (2002).

Mas se as políticas de informação são cruciais para o sucesso das grandes reformas comunitárias e das principais orientações estratégicas, a verdade é que a desconfiança e a desmobilização dos cidadãos se mantém face ao que é essencial – a participação activa na esfera da Cidadania e o assumir do princípio identitário da Ideia de Europa.

Basta ver que no contexto da integração europeia, a memória social da Europa não aparenta estar fortemente estruturada: “Apesar da transmissão social de conceptualizações ideais associadas à Europa, a inconsistência da articulação entre as dimensões analisadas da memória não parece permitir que se constitua como uma memória organizadora da identidade social dos portugueses. Apesar do esforço de convergência, os portugueses parecem continuar a sentir-se periféricos relativamente à Europa”. (2)

Esta investigação de Ana Horta fornece pistas extremamente importantes para se perceber algumas das principais fragilidades da relação entre a União Europeia e os seus cidadãos e assim procurar encontrar as opções fundamentais para a reformulação do seu sistema de comunicação.

Desde logo, há que perceber que a conceptualização da relação dos cidadãos com a Europa se tem colocado em geral no plano económico e não na identificação sócio-cultural com a diversidade do espaço e da experiência europeia. Evidentemente que nos públicos de maiores recursos culturais essa tendência é mais esbatida do que nos públicos com menor escolarização, pelo que se evidencia aqui a necessidade de ser repensado o desempenho dos serviços públicos europeus de Rádio e TV em matéria de mediadores privilegiados das matérias europeias e da Ideia de Europa.

Mas há outros factores a considerar: por exemplo, a complexa questão da mercantilização da informação como bloqueio à transparência e liberdade editorial; o baixo nível de noticiabilidade das questões europeias; a questão da crise de credibilidade do sistema de media e alguma insatisfação daí decorrente no que se refere ao comercialismo, ao sensacionalismo e ao partidarismo; um ‘quarto poder’ sem responsabilidade, baixos níveis de gratificação, reduzida presença no espaço público, etc. Podem ainda ser apontados outros aspectos de grande relevância, como, por exemplo, a questão da promiscuidade e o esbatimento de fronteiras entre jornalistas e assessores de imprensa ou de comunicação ou as rotinas e a demasiada proximidade entre jornalistas e fontes, grupos de interesses, porta-vozes oficiais, etc.

Uma das teses centrais é a de que o conceito de ‘memória social’ na imprensa generalista tem, em matéria de selecção, segundo a investigadora (p.276), um défice de noticiabilidade e de consistência. Em termos de conceptualização, em geral, o discurso produzido é largamente favorável à Europa, mas sobretudo no que se refere à enfatização dos benefícios materiais, com representações contraditórias com aquela. Quanto à lógica de “comemoração”, foi verificado que os actores políticos instrumentalizam os assuntos europeus em favor da lógica partidária, esvaziando o discurso jornalístico, que está efectivamente muito dependente da agenda, da tematização e das fontes. Ocorrem assim, em boa parte, disfunções da mediatização que originam representações da Europa sem lógicas de proximidade, desinteressantes e pouco mobilizadoras, o que significa que a mediatização da Europa reproduz, no fundo, uma memória inconsistente.

Por outro lado – uma segunda tese – a percepção da memória da Europa na recepção é verificada embora de forma diferenciada face aos diferentes públicos em presença. Os assuntos europeus emergem em regra à margem dos interesses pessoais e da experiência directa de vida. E se a conceptualização da memória é, em regra, valorizada positivamente, mantém-se, nos menos escolarizados uma representação adstrita aos valores essencialmente materiais da UE. Por fim, há que reflectir sobre o facto das representações da Europa serem fundamentalmente marcada pela mediatização e não tanto pela participação do cidadão.

Não causa espanto, portanto, que no Outono de 2005, segundo o Eurobarómetro (3), 62 por cento dos portugueses afirme que tende a confiar na União Europeia, sendo esta a percentagem mais elevada da Europa dos 25 (a par da Grécia) e 17 pontos percentuais mais elevada do que a média europeia. Mas se, nos últimos anos, os níveis de confiança na União Europeia foram mais elevados em Portugal do que na média dos países-membros, o mesmo não pode ser dito acerca dos sentimentos de informação sobre a União Europeia.

No período entre 1999 e 2005, os portugueses expressam um sentimento de informação inferior ao da média dos cidadãos europeus. E quanto à satisfação com a quantidade de informação de que dispõem sobre a União Europeia, Portugal apresenta uma proporção de inquiridos satisfeitos que é inferior (27 por cento) à média europeia (33 por cento). Finalmente, ao analisar as respostas dos inquiridos sobre o conhecimento do funcionamento da União Europeia, verifica-se que os dados corroboram novamente o posicionamento de Portugal abaixo da média europeia. De facto, a proporção de portugueses que respondeu afirmativamente a esta questão é baixa (32 por cento), inferior à média europeia (41 por cento).

O que reforça a nossa ideia de que a reorientação das estratégias de comunicação deveria ser considerada numa outra lógica, como aliás defendia Lucas Pires: mais em função da mensagem – na educação, nos media, no espaço público – do que em função da notícia. Isto porque os media são, de facto, simultaneamente, uma alavanca e um entrave à participação democrática e também porque “as políticas activas de comunicação em conjunto com os grupos de pressão, dão a ilusão de criar um processo democrático, quando, na verdade, vieram diluir a participação democrática" (4). Neste estudo, em particular, são inventariados diversos problemas e disfunções do sistema, como o facto de ser predominantemente burocrático, haver um défice de pedagogia informativa e de simplificação da linguagem, uma opacidade de procedimentos administrativos, informações pouco claras e incompreensíveis, incompatibilidade entre imagem e identidade da administração pública, etc., etc.

Também Manuel Castells (5) alertava para a necessidade de reconfigurar as estratégias europeias no sentido de criar uma identidade europeia forte que permita – essa sim – ultrapassar os limites da criação de um mercado comum. Castells alertava também para o facto de a par da integração europeia se terem desenvolvido os nacionalismos, precisamente ao contrário daquilo que se previa no passado, pelo que é um facto que, não havendo claramente unificação pela identidade, será por aí que passa fundamentalmente a saída para a crise europeia e para as suas estratégias de comunicação, mais assentes na coerência e sistematização da mensagem da Ideia de Europa do que na “excitação” do press-release.

Assim, se é verdade que o défice de informação se tornou parte do défice democrático, o défice de informação/convicção da UE sobre a Ideia de Europa e a sua identidade na diversidade, tornou-se, não parte, mas essência de uma crise ‘eurocéptica’ de difícil e complexa reversão.

..............

(*) Do artigo "O Alargamento, a Ideia de Europa e os Media", de F. Rui Cádima, in O Alargamento da UE e os Media , Paulo Faustino (Coord.), Media XXI/Formalpress, 2006.

(1) Francisco Lucas Pires, A Imprensa e a Europa, Lisboa, 1992, Edição de Autor.

(2) Ana Horta, “Imprensa e Memória Social da Europa”, tese de doutoramento, texto policopiado, ISCTE, 2006, pp. 278-279.

(3) EUROBARÓMETRO nº 64 - OPINIÃO PÚBLICA NA UNIÃO EUROPEIA, Outono de 2005. Relatório Nacional (Portugal). http://ec.europa.eu/public_opinion/archives/eb/eb64/eb64_pt_nat.pdf

(4) Cf. “A imagem da administração europeia na imprensa escrita portuguesa”, tese de mestrado em Administração e Políticas Públicas, de Denise Quintela, ISCTE, 2006.

(5) Manuel Castells, A Era da Informação: Economia, Sociedade e Cultura, Vol. III, O Fim do Milénio, FCG, Lisboa, 2003.

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15.6.07

O "debate à dúzia" do Serviço Público

A PT vem dizer que queria a TDT, queria o Cabo, queria tudo e mais alguma coisa...

Verdadeiramente espantoso: Granadeiro atribui atraso da TDT à exclusão da PT no anterior concurso (Público online, só assinantes 15.6.07).

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Sensacionalismo na RTP

Vasco Graça Moura, "O Alarido dos Inocentes", DN, 13.6.07: "No dia 3 de Junho, a seguir às notícias das 20.00, a RTP1 entrevistou um sujeito que está pronunciado pelo homicídio de três raparigas, cometido em circunstâncias particularmente chocantes. Sem a autorização e a complacência da autoridade prisional, a entrevista não teria sido possível.

"Tratou-se de um genial acesso de sensacionalismo da televisão do Estado, para antecipar, face à concorrência, a rotunda negação da prática dos crimes que, no dia seguinte, iria ser feita pelo acusado na audiência de julgamento.

"É sabido que a RTP precisa de uma programação deveras aliciante para o horário nobre, ao mais baixo custo possível (…)

"A RTP e a autoridade prisional continuarão a achar que colaboram num verdadeiro serviço público.

"Ninguém lhes vai à mão. Ninguém responsabiliza ninguém. (…)

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"Blair arrasa média"

Estatuto do jornalista, fontes & etc.

Então ó "meo", só agora ao fim destes anos todos?

13.6.07

Milagre de Sto. António: a RTP pediu desculpa...

É caso para mandar foguetes... A RTP veio a terreiro a pedir desculpa... Curiosamente é pela Lusa que no site da RTP se dá conta do pedido de desculpas ao PR... RTP pede desculpa ao PR e vai exibir domingo partes das comemorações não emitidas: «A RTP - Rádio e Televisão de Portugal vai transmitir no próximo domingo as partes das comemorações do 10 de Junho que não foram exibidas e motivaram um protesto da Presidência da República.

«Em comunicado hoje divulgado, o conselho de administração da RTP afirma ter hoje apresentado "as devidas desculpas" à Casa Civil do Presidente Cavaco Silva, que, adianta, foi "esclarecida sobre o ocorrido" com a transmissão das comemorações oficiais do dia de Portugal, Camões e Comunidades.

«A parte não emitida das comemorações, que este ano decorreram em Setúbal, será transmitida no domingo, 17 de Junho, à mesma hora.» [LUSA - 2007-06-13 16:50:02]

Outras pérolas da RTP vs. Belém:

Stamford Bridge, 1 - Palácio de Belém, 0 (estádio da RTP1)

RTP1 não emitiu Comunicação ao País do PR porque tinha no ar essa tristeza chamada O Preço Certo em Euros!

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12.6.07

PR critica RTP

Cavaco critica RTP por interrupção da transmissão das cerimónias do 10 de Junho (Público online, 12.6.07): "O Presidente da República, Cavaco Silva, pediu explicações à RTP pela interrupção na transmissão das cerimónias oficiais do Dia de Portugal, na manhã do passado domingo." Comunicado da Presidência

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A "privatização branca" das TV's (Brasil)

Carlos Drummond, "TV do Brasil defende venezuelana para perpetuar-se" (Terramagazine, 11.6.07): " (...) mais um passo da privatização branca das concessões do Estado para a operação de emissoras, renováveis ou não a cada 15 anos no Brasil. A presença maciça de parlamentares proprietários de emissoras e o interesse generalizado dos políticos de não se indispor com a mídia têm garantido a renovação automática das permissões. O poder de comunicação decorrente da propriedade de emissoras de televisão assegura a reeleição desses políticos em um esquema de blindagem das concessões que se realimenta a cada pleito." (...)

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TV vs. Net

Televisão será superada em 5 anos pela Internet (Jornal de Notícias, 11.6.07)

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6.6.07

Herman aos tiros

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"Bloco acusa RTP e SIC de discriminação"

Bloco acusa RTP e SIC de discriminação (JN, 6.6.07): «O Bloco de Esquerda (BE) anunciou ontem ter apresentado queixa à Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) por considerar que a cobertura feita pela RTP e pela SIC à V Convenção, realizada no último fim-de-semana, foi discriminatória. Na base da sua argumentação está a comparação com o Congresso do Partido Popular (PP), ocorrido duas semanas antes, que tem "um peso eleitoral semelhante".»

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(Des)controlos

Advogado do Público acusa: “Augusto Santos ‘Chávez’ tem uma grande vontade de controlar os media” (Jornal de Negócios, 5.6.07): "Não há paralelo na democracia portuguesa para a reforma legislativa da comunicação social, diz Francisco Teixeira da Mota, advogado do Público em entrevista ao Jornal de Negócios. O Governo e a ERC estão a condicionar a liberdade de expressão, acusa."

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4.6.07

A TELEVISÃO É A IMAGEM DA BESTA?

Vídeo-documentário, produzido no ano de 2002 e re-editado em 2003, que fala sobre a frase do outdoor "A Televisão é a Imagem da Besta". No documentário foram ouvidos pessoas ligadas a televisão - Marcelos Tas, Soninha e Astrid, pessoas ligadas a publicidade, pessoas ligadas a religião e populares em geral. Realizado por Bruna Marchese, Enio Fernandes e Leandro Freire dentro da disciplina "Realização de Documentários" do curso de Comunicação em Multimeios da PUC-SP, com orientação da professora Sara Yakhni.

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Das imunidades do discurso jornalístico

Quarta-feira, 6 Junho, depois das 23 e 30, no Clube de Jornalistas - RTP2: O pluralismo político na RTP. Ou as imunidades do discurso jornalístico às contabilidades horárias e ao quantitativo. Participam Estrela Serrano (co-autora do plano da ERC), Joaquim Vieira e Rogério Santos. Modera João Alferes Gonçalves. O programa inclui depoimentos de representantes do PS, PSD, PCP – que são, em maior ou menor grau, favoráveis ao plano da ERC – e do CSD e BE, ambos abertamente contra.

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3.6.07

Descoberta

Hugo Chávez é o Lula que deu certo (A Notícia de Tocantis, 3.6.07)

Maddie na 'escala de noticiabilidade'










Paulo Moura, no Público (3.6.07)
"Por que adoptámos Madeleine?": "Há uma espécie de escala de noticiabilidade tacitamente adoptada, que tem estas duas situações nos extremos. No meio estão os rapazes loiros, as raparigas morenas, etc. Um pouco como a escala em vigor para o número de mortos nas catástrofes: um cidadão americano vale o mesmo que 100 árabes, 1000 chineses, 10.000 africanos. Nunca ninguém admitirá que esta escala existe, embora seja aplicada todos os dias."

"Maddie: lições de jornalismo"

Os media no caso Maddie (act.)

Media, Maddie, Darfur...

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Golpe de Rins

Sendo certo que mais golpe, menos golpe, do que se trata é sempre da (mesma, sempre da mesma) televisão:

O Grande Dador afinal era uma farsa para promover a doação de órgãos (Público, 03.06.2007): "O reality-show terminou com um golpe de teatro e doze mil novos pedidos de inscrição para doação de órgãos, mas não conseguiu a aclamação unânime de médicos e doentes europeus".

João Lopes (DN, 3.6.07)
MAIS ENDEMOL OU MAIS ESTADO?: "(...) esta é a mesma Europa cujas elites políticas assistem todos os dias, impávidas e assépticas, à degradação do seu mais poderoso meio de comunicação: a televisão. É preciso pedir, não qualquer forma de repressão, mas mais Estado. E esperar que, contra a indigência televisiva, os políticos não tenham medo de promover a serena luz da inteligência."

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Entre o censório e o pornográfico (act.)

«SO THAT´S HOW» - ENTÃO É ASSIM – No Dia Mundial da Criança, a RTP2 apresentou uma emissão especial sobre a sexualidade e as crianças, do género tudo o que vocês querem saber sobre… mas têm vergonha de perguntar. Ou “tudo o que os mais novos precisam de saber sobre como se fazem os bebés.” Dizia a RTP tratar-se “de uma co-produção dinamarquesa-canadiana, um filme de animação para crianças, que ensina tudo o que os mais novos precisam de saber sobre como se fazem bebés.”

Na ante-estreia (a 31/5), no Sociedade Civil especial de Fernanda Freitas, já no final da noite, ficou no ar o espectro de alguns cortes produzidos no documentário… Chegaram-me entretanto forwards de e-mails que acusam a RTP de estar a passar pura e simples pornografia. Estamos assim entre o censório e o pornográfico sem saber bem o que se passa… Aguardemos as cenas dos próximos episódios.


Aguardemos, sobretudo, o cabal esclarecimento deste imbróglio por parte da RTP.

O CM entretanto reportava o Sociedade Civil de 31 de Maio:
Educação: Especialistas divididos quanto a filme polémico - Sexo para criança ver

E o Público (3.6.07) retomava: Movimento de pais critica filme sobre educação sexual e "intolerância" de debate (dizendo que o "movimento de pais - MOVE - elogiou a escolha de dobragem da RTP2 'mais branda' do que a versão conhecida até agora").

Tudo isto aparenta estar entre o fundamentalismo conservador dos "movimentos de pais" e
uma RTP2 diligente mas com uma espécie de vergonha a escorregar para a censura. Esperemos que a RTP2 ou o Provedor da RTP possam esclarecer cabalmente este caso de eventual censura na RTP2. Aguardemos então.

Fiquem com essa pérola que circulou, procurando evitar a difusão do programa:

----- Original Message -----

Sent: Thursday, May 31, 2007 12:22 PM

Subject: Fw: Filme pornográfico de desenhos animados na RTP2!!!

Caros amigos (sobretudo Pais e Avós)

A RTP tem estado a anunciar que vai exibir um filme para crianças entre os 8 e os 12 anos, no Dia da Criança, dia 1 de Junho, Sexta feira, às 20.00h , no Canal 2.

Segundo a estação pública de televisão (financiada com os impostos de todos nós) trata-se de um filme muito útil, pois informa as crianças sobre temas como a origem da vida humana, a prevenção do abuso sexual infantil, etc. Estão também a dizer que irão passar o mesmo filme hoje, às 23.30 h, para que os pais possam visioná-lo previamente e decidir se os seus filhos o devem ver ou não na 6ª feira.

Alertamos todos os pais para o seguinte:

1. Este filme, comercializado em Portugal pela APF, contém cenas muito chocantes, ainda que sejam só desenhos-animados; por exemplo, é mostrado o próprio acto sexual, um parto violentíssimo, etc. O MOVE tem recebido queixas de vários pais devido aos traumas que a sua exibição em escolas do 1º ciclo provocou nos seus filhos. Por isso não é bom que crianças o vejam. Repare que ele vai ser exibido depois do Ruca, Nodi, etc, altura em que crianças muito pequenas estão sozinhas frente ao televisor!

2. Era bom que grande número de pessoas escrevesse para o Provedor, depois da sua exibição, insurgindo-se contra este atentado à inocência das nossas crianças.

3. Divulgue este e-mail pelo maior número de pais que conheça!

A Direcção da Associação Família e Sociedade

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1.6.07

Directiva do Audiovisual Europeu: FAQ's

Commission welcomes political agreement on new Directive for Europe's audiovisual media (24 May 2007): After a legislative process of 18 months only, a political agreement has been reached on 24 May on the new Audiovisual Media Services without frontiers Directive. Both the European Parliament and Council agreed on the main aims of the Commission original proposal to modernise the rules governing the audiovisual services industry. It will offer a comprehensive legal framework that covers all audiovisual media services, less detailed and more flexible regulation and modernised rules on TV advertising to better finance audiovisual content. The Directive should enter into force by the end of 2007. See also: Presenting the new Audiovisual Media Services without frontiers Directive: Frequently asked questions

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Media Capital não quer mais TV's abertas

Media Capital contra novas licenças de televisão (DE, 2007-05-31): "O administrador do grupo Media Capital, Juan Herrero, está contra a atribuição de novas licenças para canais de televisão de sinal aberto. Para Herrero, o mercado publicitário português não tem dimensão para suportar mais concorrentes."

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"Canais privados mais vigiados"

Canais privados mais vigiados na nova Lei (CM, 1.6.07): «A nova Lei da Televisão, votada na Assembleia, exige aos operadores a exibição de serviços noticiosos regulares e “assegurados por jornalistas”. Esta medida, apesar de ser já seguida pelos canais generalistas, vai obrigar algumas estações a repensar a sua grelha. E deita por terra a ideia de alguns defensores de um “canal só de novelas”. Na votação, o Bloco de Esquerda ainda queria ir mais longe, exigindo que estes noticiários “não se comportassem ou confundissem com espaços de entretenimento”.»

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